Ano novo, novos horizontes, novas oportunidades… Todos ouvimos os clichés sobre o início de um novo ano ser um momento de reinvenção e esperança. Mas, na realidade, em vez de um momento de esperança, janeiro é muitas vezes retratado como a época mais lastimável do ano.

A combinação de tempo frio e sombrio, dias curtos, dívidas de gastos festivos e um Ano Novo que está pela frente reforçou o dito popular de que a terceira segunda-feira de janeiro (conhecida como “Blue Monday”) é o dia mais triste do ano. E faz sentido, não é?


No entanto, nem tudo é o que parece…

O culto da Blue Monday

Embora não haja dúvida de que todos podemos nos sentir um pouco desanimados e ter dificuldade em sentirmo-nos energizados depois de uma temporada de férias agradável, a ideia de um dia específico em que todos estão particularmente desanimados simplesmente não existe! Na verdade, você pode argumentar que é possivelmente uma das manobras de marketing mais bem-sucedidas de todos os tempos.

A origem da temida “Blue Monday” foi uma publicidade da Sky Travel em 2005 que usou uma equação para calcular o dia mais deprimente do ano. No entanto, embora tudo parecesse plausível e claramente ganhasse uma enorme atenção do público, a ciência por trás disso era praticamente inexistente.

O autor original deste conceito e equação foi declarado como Cliff Arnall, que na época era professor na Universidade de Cardiff. No entanto, mais tarde foi descoberto por um repórter do Guardian, que o comunicado de imprensa foi pré-escrito por uma agência de relações públicas. Arnall simplesmente criou a equação da “pseudociência” para inspirar as pessoas a tomar decisões de vida mais ousadas, em vez de destacar uma data particularmente miserável. Ele agora está a ajudar ativamente a desmascarar o equívoco da Blue Monday!

Então, aí está: Blue Monday não existe. Mas a história não deve terminar aí…

A Blue Monday pode não existir, mas não deve ser ignorada

Só porque a Blue Monday é um produto de marketing ao invés de ciência genuína, não significa que as pessoas não achem o primeiro mês do ano difícil.

É comum notar uma queda na moral da equipa no início do ano – e este ano provavelmente não será diferente. As pressões das restrições do COVID, finanças mais apertadas ou até mesmo o facto de estarmos na calada do inverno podem fazer com que os empregados sejam mais suscetíveis ao esgotamento, ao stress e ao mal estar mental.

Sendo assim, com o bem-estar dos colaboradores e a produtividade potencialmente em jogo, o que o RH pode fazer para ajudar os seus colaboradores durante esse período difícil?

– Promover encontros casuais com colegas

Enquanto encontros presenciais como um aperitivo pós-trabalho ou almoços de equipa estão a ser desencorajados neste momento, isso não significa que os funcionários devam perder o contato uns com os outros.

Encoraje a sua força de trabalho a reservar algum tempo para conversar sobre questões não relacionadas com o trabalho a fim de aumentar a moral e dar ao pessoal que trabalha de casa, alguns dos aspetos sociais do trabalho que podem estar a perder. Além disso, as conversas casuais online não devem ser restritas somente à própria equipa. Encontros virtuais entre departamentos podem ajudar a fortalecer as relações no local de trabalho, especialmente nesse momento em que as pessoas trabalham separadamente umas das outras.

– Incentivar a reserva de férias

Certificar-se de que o seu sistema de RH está atualizado com os mais recentes direitos de férias – e informar a equipa sobre isso – pode ser uma abordagem útil para superar a tristeza do ano novo.
Embora a perspetiva de estar numa praia ensolarada dentro de alguns meses ainda seja incerta, a possibilidade de tirar férias do trabalho para recarregar-se, mesmo se de casa, pode ser o que alguns dos seus colaboradores precisam no momento.

– Positividade por todo o lado

Os gestores devem dar feedback positivo, quando apropriado, durante todo o ano; mas o início do ano é um momento em que o feedback positivo é particularmente benéfico.
Garantir que o seu pessoal se sinta valorizado e apreciado pode mudar completamente a sua atitude em relação ao seu trabalho. Por isso, encoraje os líderes e gestores da sua organização a serem ainda mais positivos durante este período. Reforçar a forma como os papéis dos colaboradores contribuem para o panorama geral da organização é outra forma simples, mas eficaz, de envolver as pessoas, fazendo com que se sintam importantes e não apenas mais uma “engrenagem na máquina”.

– Ter um diálogo aberto sobre saúde mental

Sentir-se um pouco abatido é normal, especialmente em um momento em que quase tudo o que vemos à nossa volta são notícias negativas. A saúde mental tornou-se, com razão, uma prioridade para muitas empresas, e é importante que esta conscientização continue durante todo o ano.
Aproveite a discussão em torno da Blue Monday como uma oportunidade para falar sobre saúde mental a equipa. É também um bom momento para reconsiderar as estratégias da empresa em relação às questões de saúde; isto pode ser qualquer ação, como por exemplo reunir recursos e informações no seu portal de RH, para que os colaboradores possam consultar ou incorporar a conscientização da saúde mental na formação de gestão – até mesmo considerar a possibilidade de introduzir primeiros socorros em saúde mental.
Claro, estas coisas levam tempo, e não serão resolvidas num único dia. Mas a Blue Monday pode servir de lembrete para manter a saúde mental uma prioridade.

– Seja proativo no combate ao Transtorno Afetivo Sazonal (TAS)

Para alguns funcionários, a Blue Monday pode ser um indicativo de um problema mais grave, como o Transtorno Afetivo Sazonal. Claro que não se pode prolongar o horário da luz solar em janeiro, mas se pode iniciar pequenas alterações que podem fazer uma grande diferença para os colaboradores que possam estar a sofrer desse transtorno.
Permitir acordos de trabalho mais flexíveis, como um horário de início mais tarde ou incentivar o tempo de descanso durante este período, pode ajudar bastante a melhorar o bem-estar dos funcionários, em particular para aqueles afetados pelos meses de inverno.

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Donato Mingarelli